Em análise escrita, psiquiatra Eliel Alves afirma que o jovem apresentava quadro grave de esquizofrenia e deveria ter sido internado de forma involuntária para estabilização clínica.
Em uma análise psiquiátrica sobre o caso conhecido como "Leoa de João Pessoa", onde um jovem de 19 anos, identificado como Gerson de Melo Machado, morreu depois de invadir a jaula de uma leoa — chamada Leona — no Parque Zoobotânico Arruda Câmara (conhecido como "Bica"), em João Pessoa, o médico Eliel Alves destacou a gravidade do quadro do jovem envolvido no episódio, chamando atenção para possíveis falhas na rede pública de saúde. No documento que o Portal Picuí Hoje teve acesso, segundo o médico, o paciente já tinha diagnóstico consolidado de esquizofrenia, enfermidade crônica e deteriorante que exige acompanhamento rigoroso e contínuo, sobretudo em momentos de crise aguda.
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| Fotos: Redes sociais/Reprodução | Montagem: Portal Picuí Hoje |
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De acordo com a avaliação, a condição relatada nos noticiários indicava a necessidade imediata de internação involuntária ou compulsória, como forma de controlar o surto e permitir ajustes de medicação e monitoramento especializado. O psiquiatra ressalta que não se tratava de um caso para acompanhamento inicial em Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), mas sim para internação psiquiátrica, seguindo a hierarquia preconizada nos protocolos de saúde mental para pacientes descompensados.
O médico observa ainda que, caso o Estado da Paraíba não tivesse estrutura adequada para receber o paciente, deveria ter providenciado sua transferência para outra unidade do país com vaga disponível, conforme previsto em lei. Segundo ele, o paciente tinha direito a um tratamento digno com acompanhamento de especialista registrado como psiquiatra, incluindo oferta de internação em outros estados mediante convênios e parcerias já existentes.
Eliel Alves afirma que, diante da falha no atendimento local, o tratamento ambulatorial não seria suficiente diante de um quadro classificado como grave e agudo. Ele reforça que patologias psiquiátricas não devem ser subestimadas, especialmente nos casos de surtos psicóticos, em que há imprevisibilidade, impulsividade e perda total de conexão com a realidade — características que, segundo o médico, também estariam presentes no comportamento do jovem, descrito como delirante, com pensamento desorganizado e fixação crescente por leões.
Para o psiquiatra, o caso deve servir de alerta para a Paraíba e para o Brasil quanto à necessidade de ampliação e organização dos serviços de saúde mental, visando garantir acolhimento adequado e identificação precoce de pacientes que não recebem o tratamento assegurado pela Constituição.
Dr. Eliel Alves é especialista em psiquiatria, medicina do trabalho, medicina da dor e anestesiologia — CRM 31713 GO.
Relembre o caso
Na manhã de domingo (30), um jovem de 19 anos, identificado como Gerson de Melo Machado, morreu depois de invadir a jaula de uma leoa — chamada Leona — no Parque Zoobotânico Arruda Câmara (conhecido como "Bica"), em João Pessoa. As investigações apontam que ele escalou uma parede de mais de seis metros, ultrapassou grades de proteção e usou uma árvore para acessar o recinto dos felinos.
Relembre o caso
Na manhã de domingo (30), um jovem de 19 anos, identificado como Gerson de Melo Machado, morreu depois de invadir a jaula de uma leoa — chamada Leona — no Parque Zoobotânico Arruda Câmara (conhecido como "Bica"), em João Pessoa. As investigações apontam que ele escalou uma parede de mais de seis metros, ultrapassou grades de proteção e usou uma árvore para acessar o recinto dos felinos.
O ataque ocorreu diante de visitantes e foi registrado por câmeras. A leoa avançou assim que percebeu a invasão e causou ferimentos graves no pescoço do jovem, que morreu ainda no local. A perícia concluiu que a causa da morte foi choque hemorrágico, em função de lesões perfuro-contundentes na região cervical.
Segundo relatos da rede de proteção infantil que acompanhava Gerson durante a adolescência, ele sofria com problemas de saúde mental desde jovem. A conselheira tutelar que o acompanhava afirmou que, apesar de existirem "laudos médicos" que indicavam seu transtorno, o Estado — em diferentes esferas — tratava sua condição como mera "questão comportamental", sem oferecer acompanhamento psiquiátrico adequado.
Em nota, a direção do zoológico afirmou que não há plano de sacrificar a leoa. O animal foi avaliado por equipe técnica e permanece em observação, sem sinais de comportamento agressivo fora do contexto da invasão.
Portal Picuí Hoje.
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