![]() |
Lula classificou a medida como desrespeitosa e antecipou que o Brasil poderá adotar retaliações — Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação Presidência da República. |
✅ Receba as notícias do Portal Picuí Hoje no WhatsApp
De acordo com o presidente, o país buscará inicialmente o diálogo, mas não descarta responder com sanções equivalentes:
"O que mais vai valer é o seguinte: nós temos a lei da reciprocidade, que foi aprovada no Congresso Nacional. E não tenha dúvida que, primeiro, nós vamos tentar negociar. Mas se não tiver negociação, a lei da reciprocidade será colocada em prática. Se ele vai cobrar 50 de nós, nós vamos cobrar 50 deles."
Lula mencionou a possibilidade de levar a questão à Organização Mundial do Comércio (OMC), além de articular uma ação conjunta com outras nações afetadas.
Lula mencionou a possibilidade de levar a questão à Organização Mundial do Comércio (OMC), além de articular uma ação conjunta com outras nações afetadas.
"Tanto o Itamaraty quanto o nosso Mdic [Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços] já vêm conversando com os Estados Unidos — já vinham conversando desde a taxação dos 10%. Veja, do ponto de vista diplomático, nós temos que recorrer à OMC. Você pode, junto com a OMC, encontrar um grupo de países que foram taxados pelos Estados Unidos e entrar com um recurso na OMC. Isso tem toda uma tramitação que a gente pode fazer. Se nada disso der resultado, nós vamos ter que fazer a lei da reciprocidade."
O presidente criticou o formato da comunicação da medida, anunciada via internet por Trump, chamando a correspondência de "material apócrifo".
"Eu achei que a carta do presidente Trump era um material apócrifo, porque não é costume você ficar mandando correspondência para outro presidente através do site do presidente da República."
Como parte da resposta, Lula também anunciou a criação de um comitê com participação de empresários para acompanhar o impacto comercial da medida:
"Vamos criar, e os empresários vão participar. A gente vai acompanhar dia a dia e repensar a política comercial com os americanos", declarou.
Lula fez um apelo por respeito e afirmou que o Brasil não aceitará imposições unilaterais:
"A primeira coisa que o povo brasileiro precisa saber é que quem tem que respeitar o Brasil e gostar do Brasil são os brasileiros. E, ao mesmo tempo, exigir que os outros nos respeitem."
"Respeito é bom, e eu gosto de dar e gosto de receber. Não pensem que temos complexo de vira-lata. A gente não tem medo. Claro que estamos preocupados com o Brasil, mas também com os Estados Unidos. Trump fala para o eleitorado dele, mas eu penso no povo brasileiro, que quer crescer, melhorar de vida e ter relações boas com todos os países."
Lula diz que Trump desconhece o Brasil
O presidente criticou a visão de Trump sobre o Brasil e destacou a longa história de relações diplomáticas entre os dois países:
"Se ele conhecesse um pouco do Brasil, teria mais respeito. O Brasil tem 201 anos de relação diplomática com os Estados Unidos, uma relação virtuosa, de benefício mútuo. Eu me dei bem com todos os presidentes americanos, porque o Brasil é um país de diálogo."
Ao comentar os argumentos apresentados por Trump na carta, Lula respondeu ponto a ponto:
Sobre o Judiciário e a soberania nacional:
"Eles têm que respeitar o nosso Judiciário como eu respeito o deles. Se o que Trump fez no Capitólio tivesse acontecido aqui, ele estaria sendo processado como o Bolsonaro e poderia até ser preso. Aqui, o Judiciário é autônomo, sobretudo o STF."
Sobre empresas americanas e plataformas digitais:
"Quem estabelece as regras no Brasil é o Congresso Nacional e o Judiciário. Nenhuma empresa estrangeira pode vir aqui e ignorar nossas leis. Trump precisa entender isso."
Sobre os dados do comércio bilateral:
"Ele alega que os Estados Unidos têm déficit com o Brasil, mas isso não é verdade. Em 2023, exportamos US$ 40 bilhões e importamos US$ 47 bilhões dos EUA. Tivemos um déficit de US$ 7 bilhões. E, se somarmos os últimos 15 anos, o Brasil acumulou um déficit de US$ 410 bilhões com os americanos. Será que ninguém do Tesouro explicou isso para ele antes de ele escrever aquela carta absurda?"
Medidas diplomáticas em estudo
Lula reiterou que o país irá buscar respaldo internacional e recorrerá a medidas legais previstas em acordos multilaterais:
"Temos vários caminhos. Podemos recorrer à OMC [Organização Mundial do Comércio], propor investigações internacionais, cobrar explicações. Mas o principal é a Lei da Reciprocidade, aprovada no Congresso. Se ele cobrar 50% da gente, a gente vai cobrar 50% dele."
O presidente também acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL) de atuarem junto a Trump para estimular a retaliação:
"O ex-presidente deveria assumir sua responsabilidade. Foi o filho dele quem foi lá influenciar Trump, que agora tenta interferir em um processo que está na Suprema Corte brasileira. E, aqui, decisão judicial se cumpre."
Entenda o caso
O embate entre Lula e Trump ganhou força após o anúncio da nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA, com início previsto para 1º de agosto. O republicano alegou que a medida é uma resposta às ações do governo brasileiro que, segundo ele, afetam empresas americanas e a liberdade de expressão, além do tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na quarta-feira (9), Trump divulgou uma carta direcionada a Lula pela rede Truth Social. O governo brasileiro informou que devolverá a correspondência. A secretária para Europa e América do Norte, Maria Luisa Escorel, comunicou ao encarregado de negócios da embaixada dos EUA em Brasília que Lula não receberá o documento.
Pouco depois, Lula publicou em uma rede social:
"Qualquer elevação de tarifas de forma unilateral será enfrentada conforme estabelece a Lei da Reciprocidade Econômica."
E finalizou:
"Soberania, respeito e defesa dos interesses do povo brasileiro orientam nossa política externa."
Assista ao vídeo:
Portal Picuí Hoje com informações do R7.
Nenhum comentário:
Postar um comentário