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Declarações sobre orixás e a morte de Preta Gil geram repercussão nacional e denúncia na PCPB — Foto: Redes Sociais/Reprodução. |
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A reportagem do g1 tentou contato com a Paróquia de Areial, pertencente à Diocese de Campina Grande, mas até a última atualização, não obteve resposta. O padre também não retornou às tentativas de contato feitas por meio das redes sociais.
No vídeo que circula amplamente nas redes sociais, o padre menciona a morte da cantora Preta Gil, ocorrida no dia 20 de julho, nos Estados Unidos, em decorrência de um câncer no intestino. Na ocasião, ele critica as crenças de matriz africana em tom de desdém:
"Eu peço saúde, mas não alcanço saúde, é porque Deus sabe o que faz, ele sabe o que é melhor para você, que a morte é melhor para você. Como é o nome do pai de Preta Gil? Gilberto Gil fez uma oração aos orixás, cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil? Já enterraram?", disse durante a homilia.
Em outro trecho do vídeo, ele se dirige diretamente aos fiéis presentes, repreendendo católicos que recorrem a práticas de outras religiões e associando tais atitudes ao mal:
"E tem católico que pede essas coisas ocultas, eu só queria que o diabo viesse e levasse. No dia seguinte quando acordar lá, acordar com calor no inferno, você não sabe o que vai fazer. Tem gente que não vai aqui (Areial), mas vai em Puxinanã, em Pocinhos, mas eu fico sabendo. Não deixe essa vida não pra você ver o que acontece. A conta que a besta fera cobra é bem baratinha", afirmou.
O padre também relatou um episódio envolvendo uma mãe e sua filha, que, segundo ele, teria consagrado a filha a entidades espirituais e sofrido consequências trágicas. Ele afirma:
"Eu já fui fazer as exéquias na minha cidade natal e uma mãe desde cedo tinha consagrado a filha a essas entidades desconhecidas que têm vários nomes, ela morreu cedo e a morte dela foi uma morte tão sofrida. E eu lembro quando ela dizia que ‘tinha sido a besta fera que tinha vindo buscar a filha dela conforme tinha prometido’, olha a conta, um filho", declarou.
O vídeo com as falas foi transmitido ao vivo pelo canal oficial da Paróquia no YouTube, mas posteriormente retirado do ar.
Entidades e organizações reagem
A Associação Cultural de Umbanda, Candomblé e Jurema Mãe Anália Maria de Souza publicou uma nota de repúdio às declarações do padre, acusando-o de deturpar a fé alheia:
"Deus é amor e respeito ao próximo, onde infelizmente esse senhor que se diz sacerdote prega o ódio e o preconceito e ainda amedronta em pleno culto em sua igreja", diz um trecho da nota.
Rafael Generino, presidente da associação, confirmou à reportagem que registrou boletim de ocorrência por intolerância religiosa e que também levará a denúncia ao Ministério Público da Paraíba (MPPB).
O delegado Danilo Orengo, responsável pela Delegacia de Policia Civil da Paraíba (PCPB) em Areial, declarou que tomou conhecimento do caso pela imprensa e que o boletim de ocorrência foi recebido. As investigações ficarão sob responsabilidade de outra delegada.
O Fórum de Diversidade da Paraíba também condenou publicamente as falas do padre. O presidente da entidade, Saulo Gimenez, afirmou:
"É uma lástima para todos nós que, em pleno século XXI, depois de uma pandemia que deixou mães sem filhos, amigos perdidos, no meio de uma crise mundial, várias guerras, pessoas perdendo suas vidas, um sacerdote usar o seu lugar sagrado, usar o seu sacerdócio para destilar um veneno tão sódido como o ódio, como as intolerâncias. Usar um espaço que é para falar de amor, de compreensão, de solidariedade, mas não, está ali sendo cruel."
O Fórum declarou ainda que continuará acompanhando o andamento do caso e oferecerá apoio à associação religiosa, encaminhando o episódio às autoridades competentes e solicitando uma retratação formal do religioso.
Portal Picuí Hoje com informações do g1 Paraíba.
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